
Selic a 13,25%: as lições do Copom “amigo do Lula”
A alta da taxa Selic com a “bênção do Lula” mostra que, diferentemente da economia, na política o “quem” quase sempre precede o “que”. E isso mexe com seus investimentos muito mais do que você imagina.
A manutenção da taxa Selic em 13,25% pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central veio com um tempero político interessante. A nova composição do comitê está bem mais alinhada com o governo Lula. Por isso, havia uma grande expectativa em torno dessa primeira cartada de Gabriel Galípolo à frente do BC. E, para a surpresa de muitos, Lula perdoou e até deu sua “bênção” para o Banco Central, a quem tanto atacou na combalida figura de Campos Neto.
Embora os efeitos da alta da Selic ainda não estejam 100% claros, ficou uma lição importante para o investidor: na política, diferentemente da economia, o “quem” quase sempre precede o “que” – ainda que seja preciso “dar um cavalo de pau” nas suas convicções pessoais. E essa distinção pode ter um impacto muito maior sobre os seus investimentos do que você imagina.
Alta da Selic: o recado do Copom
A alta prolongada da Selic, que voltou a bater o número “13” de Lula, tem sido o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. Na economia, a lógica é simples: a Selic segura a disparada dos preços de produtos e serviços mas, ao mesmo tempo, coloca um freio no crescimento econômico. No entanto, a política pode ser bem mais complexa.
Ao nomear membros com um perfil teoricamente mais alinhado ao seu projeto de governo, Lula pode influenciar o ritmo da política monetária. E isso reflete nas expectativas do mercado e, consequentemente, no comportamento dos investidores.
O ponto é que os diretores indicados de Lula, juntamente com o presidente Galípolo, parecem não estar 100% convencidos do discurso do petista. Pelo contrário, eles têm adotado um perfil mais técnico e votado conforme a visão pragmática de Campos Neto.
Copom: teste de fogo
No primeiro teste de fogo, ao subir a Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano, o Copom ganhou o afago de Lula. Mas até quando isso vai durar, considerando que os juros altos atrapalham as metas do governo? Se o Copom continuar austero na política monetária, a paciência do Lula vai acabar?
O fato é que os panos quentes do presidente e a complacência com Galípolo têm forte ligação com as percepções políticas e a confiança que os agentes econômicos têm no governo. Se ambos continuarem assim – Galípolo técnico e Lula ponderado – o mercado reage bem.
E tudo que a gente mais precisa agora é de uma reação, especialmente na nossa Bolsa de Valores e nos fundos imobiliários, que vêm sofrendo com a crise de confiança, a inflação galopante e a alta do dólar.
Mas o que podemos esperar do BC daqui pra frente? E como essa nova dinâmica afeta os seus investimentos?
Selic a 13,25%: impacto nos investimentos
O cenário de juros altos, com a Selic subindo para 13,25% a.a., pode resultar numa alta de 15% no fim de 2025. Pelo menos é isso que o Boletim Focus do Banco Central já está prevendo. Para o investidor, significa que a rentabilidade de ativos atrelados à Selic, como os títulos públicos e títulos de CDI, fica bem mais atraente.
Dados da B3 mostram que, em 2024, com a Selic voltando a subir, houve um aumento significativo na participação dos investidores em produtos de renda fixa, como o Tesouro Direto e os CDBs. Foram mais de 3,4 milhões de pessoas investindo nestes ativos, com um crescimento de 30% em relação ao ano anterior.
Ou seja, em um cenário de juros elevados, os investidores sempre buscam opções mais seguras e com maior previsibilidade de retorno. Pensando nisso, uma estratégia conservadora pode ser uma opção interessante neste momento de volatilidade e imprevisibilidade.
Selic e desaceleração econômica
É bom lembrar, entretanto, que esse cenário de juros altos também tem um efeito colateral: o crédito caro e a desaceleração do consumo afetam diretamente o desempenho das empresas, especialmente aquelas que dependem de financiamento para crescer ou sobreviver. E isso faz surgir grandes oportunidades no mercado de ações e fundos imobiliários.
A bolsa brasileira segue muito barata, com um P/L (relação Preço/Lucro) de 8,02x na média das ações do Ibovespa. E o índice IFIX, que mede o desempenho dos fundos imobiliários, caiu quase 10% nos últimos 6 meses. Ou seja, vários FIIs com boa qualidade e bons múltiplos estão sendo negociados bem abaixo de seu valor patrimonial (P/VP). Para quem tem um patrimônio maior, uma boa dica é conversar com um consultor de investimentos para encontrar os melhores ativos do momento.
O que esperar de Lula e Copom?
Voltando à nossa questão central, de como o Copom e o Banco Central vão agir daqui pra frente, não podemos negar que esta nova configuração traz muitas incertezas. O fato é que o “quem” está pesando muito mais que o “que” na condução da política monetária. Sem a pessoalidade – e a rixa – com o Campos Neto de Bolsonaro, é de se esperar um pouco mais de flexibilidade do presidente Lula.
Por outro lado, o mercado espera que o bom diálogo entre o Executivo e o BC não se traduza numa “dobradinha”, num jogo de cartas marcadas. O que o Brasil mais precisa agora é de estabilidade, de independência do Banco Central, e não de um intervencionismo certo – porém gradual –, que é extremamente nocivo para a economia, para os investidores e, claro, para toda a população. É esperar para ver.
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